E falando em psicopedagogia ...: novembro 2011

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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dislexia e Disortografia - Quais as diferenças?

Hoje falaremos um pouco mais sobre a dislexia e a disortografia, muito parecidas, mas também MUITO diferentes. 

A Dislexia é uma doença de causa orgânica, relacionado ao processamento da informação no cérebro de forma prejudicada ou mesmo interrompida, ligada principalmente às habilidades de leitura, escrita e decodificação de símbolos arbitrários.

Segundo pontua Nádia Bossa, o termo “dislexia” já havia sido utilizado no final do século XIX por Rudolf Berlin, oftalmologista alemão, após observar o caso de um adolescente que apresentava severas dificuldades nas áreas da leitura e escrita, tendo entretanto uma inteligência considerada normal para meninos de sua idade. Mas foi somente apenas na década de 40 que educadores, psiquiatras e neurologistas reconheceram o fracasso escolar em crianças com inteligência normal ou acima da média. Assim, profissionais da área médica deram início ao estudo das dificuldades de aprendizagem a partir do conceito de lesão cerebral. Posteriormente foram incorporados aos estudos os conceitos de áreas de outros campos do conhecimento.

A Disortografia é um transtorno de aprendizagem ligado à capacidade do individuo na escrita de forma ortográfica. É um problema essencialmente percepto-motor e de memória visual. Pode ser confundido, por ser parecido a um "sintoma"disléxico. Contudo ela está associada à construção ortográfica da palavra, ou seja, o paciente escreverá errado por não compreender as regras ortográficas que regem o conjunto de letras necessárias para construir adequadamente determinadas palavas e não por possuir uma falha organica no processamento cerebral. Essa é a diferença básica. Mas vejamos outras diferenças:

ÉPOCA DE AVALIAÇÃO: Para ser considerado dislexia de fato, a criança deverá ter de 10 anos acima, e na disortografia já pode ser identificado na época da alfabetização (entre 5-6 anos).

EVIDÊNCIAS NA AVALIAÇÃO: 
Na disortografia há uma lógica na construção da palavra e no próprio erro, mesmo que somente para o indivíduo. Na dislexia, a mesma palavra pode ser escrita errada e de diferentes formas sem que a pessoa perceba essas mudanças;

O disléxico tem dificuldades de identificar e classificar imagens arbitrárias  e não procede para a disortografia;

O disléxico tem dificuldade em identificar metáforas e rimas assim como perceber tempo e epaço, ambos não procedentes no caso da disortografia;

CONTUDO:
Ambos são considerados normais nas suas habilidades cognitivas para a faixa etária.

Espero ter podido auxiliar na diferenciação da dislexia e disortografia. Mas o ideal é buscar o encaminhamento de um profissional habilitado e de uma equipe gabaritada para avaliar os casos individualmente, pois cada um é um ser diferente, um caso diferente, uma situação diferente.

Dúvidas ou sugestões, fiquem a vontade em comentar!
Abraços!




segunda-feira, 14 de novembro de 2011

TDAH

TDAH É UMA DOENÇA INVENTADA?
Você certamente já leu ou ouviu em algum lugar que o TDAH “é uma doença inventada pelos laboratórios farmacêuticos” ou que é uma “medicalização” de comportamentos de indivíduos que são simplesmente diferentes dos demais. Então vamos aos fatos:
1) O que hoje chamamos de TDAH é descrito por médicos desde o século XVIII (Alexander Crichton, em 1798), muito antes de existir qualquer tratamento medicamentoso. Não existia sequer aspirina... No inicio do século XX, aparece um artigo científico publicado numa das mais respeitadas revistas médicas até hoje, The Lancet, escrita por George Still (1902). A descrição de Still é quase idêntica a dos modernos manuais de diagnóstico, como o DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria. Se fosse uma doença “inventada” ou “mera conseqüência da vida moderna”, você acha que seria possível atravessar quase dois séculos com os mesmos sintomas?
2) Os sintomas que compõem o TDAH são observados em diferentes culturas: no Brasil, nos EUA, na Índia, na China, na Nova Zelândia, no Canadá, em Israel, na Inglaterra, na África do Sul, no Irã... Já chega? Pois se fosse meramente um comportamento secundário ao modo como as crianças são educadas, ou ao seu meio sociocultural, como é possível que a descrição seja praticamente a mesma nestes locais tão diferentes?
3) Se o TDAH fosse meramente “um jeito diferente de ser” e não um transtorno mental, por que os portadores, segundo os dados de pesquisas científicas, têm maior taxa de abandono escolar, reprovação, desemprego, divórcio e acidentes automobilísticos? Por que eles têm maior incidência de depressão, ansiedade e dependência de drogas?
4) Se o TDAH fosse “uma invenção da indústria farmacêutica”, você esperaria que a Organização Mundial de Saúde – órgão internacional máximo nas questões relativas à saúde pública sem qualquer vinculação com a indústria farmacêutica – listaria o transtorno como parte dos diagnósticos da Classificação Internacional das Doenças não só na sua última versão (CID-10) como nas anteriores (CID-8 e CID-9)? Pois é, ele está lá no capítulo dos transtornos mentais – vide o site http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm
5) Se o TDAH fosse secundário ao modo como os pais educam seus filhos, por que motivo as famílias biológicas de crianças com TDAH que foram adotadas têm prevalências (taxas) de TDAH bem maiores do que aquelas encontradas nas suas famílias adotivas? A única explicação possível: é um transtorno com forte participação genética.
6) Quantos artigos científicos você acha que já foram publicados demonstrando alterações no funcionamento cerebral de portadores de TDAH? Mais de 200 (você leu certo). Vale também lembrar que os achados mais recentes e contundentes são oriundos de centros de pesquisa como o National Institute of Mental Health dos EUA impossibilitados de qualquer contato com a indústria farmacêutica. O fato de não termos uma alteração cerebral que seja “marca registrada” do TDAH não invalida nem a sua base neurobiológica, muito menos a sua existência. Se fosse assim, não existiria a Esquizofrenia, o Autismo, a Depressão, o Transtorno de Humor Bipolar entre outros, já que nenhum desses tem uma alteração que seja “marca registrada” da doença.
E como você pode acreditar em todas estas informações descritas acima?
Muito fácil: estão em artigos científicos publicados em revistas sérias que exigem rigor científico e passam pelo crivo de vários profissionais antes de serem publicados. E todos estes artigos são públicos. (por exemplo: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed)
E quanto aos conflitos de interesses de quem escreve artigos? Eles existem frequentemente e são de dois tipos. O primeiro deles é o chamado conflito de interesses financeiro, onde o autor de um artigo científico (ou um palestrante) recebe verba de alguma instituição em empresa farmacêutica para suas pesquisas ou ainda como consultor. Nestes casos é exigido que ele informe claramente aos leitores de seu artigo (ou aos participantes de uma palestra) os seus potenciais conflitos para que todos possam ler o artigo (ou ouvir sua palestra) sabendo dos mesmos, antecipadamente. Isto é obrigatório nas revistas científicas e em quase todas as associações médicas; no Brasil isto é exigência da ANVISA. Este procedimento garante que nenhum resultado de pesquisa seja apresentado sem que todos possam considerar a possibilidade destes conflitos financeiros; ou seja: exige que o pesquisador apresente dados com a devida transparência.
O segundo tipo de conflito de interesses é o não-financeiro. Este é também extremamente comum e, infelizmente, a sua informação aos leitores ou ouvintes ainda não é exigida por lei. São exemplos: pertencer a uma determinada escola de psicoterapia ou religião que pregam o tratamento através de suas práticas e não através de medicamentos, cargos políticos ou administrativos (que permitem economizar no tratamento de uma doença caso se considere que ela “não existe” ou que “não é necessário usar medicamentos”, etc.)
Quando você ouve alguém falar que “TDAH é uma doença inventada”, por mais eloqüente que seja o autor desta opinião sem qualquer base científica, ou mesmo a sua titulação (a incapacidade e leviandade sempre foram democráticas: também acometem médicos, psicólogos, etc.),pesquise sobre a veracidade (e a origem) do que está sendo dito.
Sempre existiram indivíduos com pouco espírito crítico embora bem intencionados e espertos mal intencionados na história da medicina. Apenas para enfatizar: até bem pouco tempo atrás havia quem bradasse aos quatro cantos que a AIDS não era causada pelo HIV. Outra: que as vacinas para sarampo causavam autismo nas crianças. Ou ainda pior, que condenavam as mães pelo Autismo de seus filhos: chamavam-nas de “mães geladeiras” numa alusão de que era a sua frieza nas relações inicias com seus filhos que criava o autismo na criança!
Os resultados?
Aumento absurdo das mortes por AIDS e de crianças com seqüelas neurológicas irreversíveis por conta de sarampo, uma doença facilmente prevenida. E uma enormidade de mães levianamente culpadas que se viam ainda mais fragilizadas para acolher um(a) filho(a) com uma condição delicada como o autismo. Mediante ao texto acima você tem recursos para acessar fontes realmente seguras e científicas sobre o TDAH. Portanto, dê um basta no discurso vazio! Siga o conselho do poeta Dickens: “não aceite nada pela aparência, só pela evidência”.
No nosso caso, a evidência científica é implacável: o TDAH é um dos transtornos mais bem estudados da medicina e com mais evidências científicas que a maioria dos demais transtornos mentais.
O texto acima foi redigido por: Paulo Mattos – Presidente do Conselho Científico da ABDA– Psiquiatra
Professor Adjunto do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre e Doutor em Psiquiatria. Pós-Doutor em Bioquímica. Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (Título de Especialista), American Psychiatric Association e Academia Brasileira de Neurologia. Membro do Comitê Editorial do Journal of Attention Disorders, do Jornal Brasileiro de Psiquiatria e da Revista de Psiquiatria Clínica. Coordenador do GEDA - Grupo de Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ.
Dr. Paulo Mattos foi palestrante ou consultor das empresas Janssen-Cilag e Novartis nos últimos três anos (recebendo menos que 5% de sua renda bruta anual). Ele também recebeu benefícios de viagem para encontros científicos das empresas Novartis e Janssen-Cilag. Ele é coordenador do Grupo de Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ, que recebeu apoio educacional e de pesquisa das seguintes empresas nos últimos três anos: Janssen-Cilag, Novartis e Shire.

domingo, 6 de novembro de 2011

Bem Vindos!!

Meu nome é Carolina Alvim Scarabucci de Oliveira e sou Psicopedagoga Clínica e Institucional na cidade de Uberlândia - MG. Atuo na Clínica de Atendimento e Diagnóstico Psicopedagógico - CADP, localizada na Av. Vigário Dantas, 657 - Fundinho. (Mais informações abaixo, no final do texto)

Decidi montar esse blog com o intuito de postar notícias e materiais interessantes voltados para a psicopedagogia, assim como criar um canal de diálogo para perguntas, dúvidas e sugestões a pais, pacientes e interessados em busca de esclarecimento sobre as dificuldades de aprendizagem e o trabalho do psicopedagogo.

Aqui a palavra chave é aprender!! 

Estarei postando novidades sempre que possível! Portanto sugestões e perguntas serão sempre lidas e respondidas em forma de vídeos, depoimentos ou esclarecimentos meus e/ou de outros profissionais.

Abaixo um pouco do trabalho que realizo em minha clínica e alguns esclarecimentos!

Um grande abraço e uma ótima semana a todos!